Banda Marcial de Cubatão: 25 anos criando oportunidades
Grupo Artístico será homenageado no desfile de aniversário da cidade.
Há um grupo em Cubatão que mantém viva a tradição de desfilar pela avenida enquanto toca, e isso, há 25 anos: a Banda Marcial da Cidade faz aniversário e reconta uma história que teve início justamente em 9 de abril de 1990, durante um desfile oficial de comemoração do aniversário de Cubatão.
A Banda Marcial surgiu como Fanfarra Municipal. Teve apenas dois meses de ensaio para fazer bonito na avenida, naquela época. “Nosso uniforme era bem simples: boné e camiseta azuis de mangas compridas, luvas, calça e tênis branco”, lembra, com carinho, Alexandre Felipe Gomes, criador da Marcial e seu regente apaixonado até hoje.
Alexandre conta que o grupo era pequeno, formado por 40 músicos e seis bailarinas da Linha Frente. As atividades aconteciam na Escola Estadual Castelo Branco porque um chefe da Secretaria Municipal de Educação à época achou que o projeto não iria pra frente. Nos primeiros ensaios, alguns professores reclamavam do “barulho” que a fanfarra fazia na quadra, mesmo fora do período de aulas.
Mas foi durante a primeira apresentação, na Avenida Nove de Abril, que a comunidade e o governo se renderam à qualidade da então Fanfarra Municipal, que surgiu num período em que o regente também era maestro da Banda Sinfônica. “A Sinfônica tinha um repertório bastante elaborado, por isso, optei em dar à então fanfarra uma característica popular, com arranjos e repertórios diferenciados. O sucesso foi imediato!”, lembra Alexandre. A Fanfarra foi campeã diversas vezes em festivais regionais e vice em um campeonato paulista. “Não fomos muito longe (risos). Tocávamos para agradar ao público e não os jurados”, brinca.
Em 2001, a Fanfarra Municipal e Linha de Frente foram incorporadas à Administração Municipal, tornando-se Banda Marcial de Cubatão & Corpo Coreográfico. Eram ainda os primeiros passos como Marcial e optou-se por um trabalho que fosse referência na Região, destacando, mais uma vez, o pioneirismo de Cubatão quando o assunto é música. “Queria que o nosso trabalho fosse de qualidade. Então, criamos uma banda de metais que passou a levar nossa música a teatros, museus, escolas, espaços culturais, parques de toda a Região. Passamos a fazer parcerias com corais adultos e jovens, equipes de dança, cantores regionais… Isso nos proporcionou inúmeros espetáculos e um repertório pra lá de abrangente”, comenta Gomes.
Pessoa especial na condução de toda essa história é o assessor de produção, Milton Custódio Simões, carinhosamente conhecido como “Miltinho”. Percussionista, faz parte do grupo desde seu início e, ao longo dos anos, desenvolveu ao lado do regente uma política que crê no poder transformador da arte. Hoje, Miltinho é peça fundamental para dar vida aos espetáculos da Marcial. E lá se vão 25 anos de pura amizade e respeito mútuo.
O maestro destaca a importância do trabalho social da Fanfarra e, posteriormente da Marcial, dando oportunidade a centenas de jovens cubatenses de terem uma vivência artística, alicerce para a formação dos instrumentistas. “Muitos músicos que hoje estão em orquestras e bandas sinfônicas Brasil afora começaram conosco, na Fanfarra Municipal. Gente que hoje atua na Orquestra Sinfônica Brasileira, de São Paulo e de Porto Alegre, Orquestra Baccarelli e do Teatro Municipal de São Paulo, Banda dos Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro, entre tantas outras. É gratificante ver o progresso desses artistas que iniciaram ainda adolescentes ao nosso lado”, relembra.
Um exemplo disso é Laílson Carlos Tibúrcio, tubista da Marcial há 21 anos. Ingressou no grupo aos 15 anos de idade. Hoje, aos 37, reconhece que o trabalho de formação na então Fanfarra Municipal foi o que lhe garantiu continuar estudando até se formar. “Atualmente, atuo na Marcial, Banda da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea do Exército Brasileiro e Banda Sinfônica de Cubatão. É um sonho para qualquer artista viver só de música. Devo muito à Banda Marcial nesse sentido”, afirma Laílson.
Mesmo com tantas conquistas, concertos em locais de muita importância como teatros de toda a Baixada Santista e até de São Paulo, ainda assim, o maestro Alexandre considera o Desfile Oficial de 9 de Abril a mais importante de todas as apresentações do ano. E desta vez, vai ter um gosto especial: a Banda Marcial será homenageada e receberá uma placa comemorativa das mãos da prefeita Marcia Rosa. Vai ter queima de fogos e uma apresentação cheia de charme, após o tradicional hasteamento das bandeiras ao som do Hino Nacional e do Hino de Cubatão, executados pela Marcial há um quarto de século.
O repertório para o Desfile em 2015 inclui “Fama”, sob o comando do regente-assistente Paulo Henrique Paiva, “Liberty Fanfarre”, com a regência de Roberto Farias, coordenador dos Grupos Artísticos de Cubatão, e “Mas que nada”, composição de Jorge Ben Jor, com a regência de Alexandre.
O maestro reconhece que foi neste feriado municipal que tudo começou. “É ali na avenida que estão nossas raízes. É neste dia que centenas de pessoas nos aguardam, todos os anos, embaixo de sol ou de chuva para, novamente, nos aplaudir. Nesse momento, voltamos no tempo e sentimos a mesma vibração daquele primeiríssimo desfile na avenida pavimentada”.
Fotos: Arquivo Prefeitura de Cubatão
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